Supermercado grande, novembro
de 2014, um pai, uma filha, um balão da Peppa Pig, um telhado.
Era final de tarde comum,
final de domingo. O pai e a filha na fila do caixa, a menina com um pequeno
balão, daqueles inflados com gás hélio, todo colorido, da personagem infantil
Peppa Pig. Tudo muito comum, muito lindo também, até que, ao ver que a fila
andou, a menina puxa a cordinha do balão com um pouco mais de força. A frágil
cordinha se rompe, ficando presa apenas no punho da criança, enquanto o balão sobe
lentamente, cerca de 5 metros, parando no telhado do supermercado.
De pronto a mocinha encheu
os olhinhos de lágrimas, mas segurou o choro com firmeza. O pai, inicialmente,
olhou com ar austero, mas viu que a culpa não foi de sua filha. Olhando para o
alto e vendo lá seu balão, ainda com os olhinhos tristes, marejados, a pequena, com a
maestria que ainda não sabe que possui, solta:
-Papai, o bom é que o
telhado ficou mais lindo com o meu balão!
Ora, ora, ora! Uma pequena,
do alto de sua inocência, demonstrando uma sabedoria que deveria ser nosso
mantra de todos os dias: buscar o bom quando algo de mau ocorre.
Passamos grande parte de
nossa vida vendo as coisas pelo lado ruim, pelo lado do azar. Culpamos o
destino, o colega ao lado, os parentes, a chuva, o sol. Deixamos de lado a
parte que, na maioria dos casos, é responsável por tudo isso: nós mesmos.
Esquecemos de agir ao invés de apenas reclamar. Negligenciamos que essa quantidade de
energia negativa, esse pensamento pessimistas, não traz, independente do credo,
coisas boas.
Busquemos o telhado lindo
sempre. Há de ter alguma coisa boa em praticamente tudo. Encher os olhos de
lágrimas, derramá-las, faz parte do processo, claro! Mas que se olhe para cima,
perceba que na ausência do telhado o balão sumiria de vista, se perderia no
mundo, e nunca mais poderia ser apreciado por ninguém. Que haja sempre telhados
para amparar as coisas ruins, colocar limite nelas, para que nosso sofrimento
seja passageiro, momentâneo, amenizável.
É
isso.