Algumas considerações iniciais

Tentarei manter uma regularidade nas postagens, mas não combinarei prazos. Por ser uma das válvulas de escapes utilizadas por mim, deixarei que este blog seja alimentado de acordo com a inspiração, e não com o calendário.

Gosto dos comentários. Não são, para mim, apenas um sinal de popularidade, como a maioria dos blogs que vejo. Eles têm um significado maior, que é o de saber como as pessoas que aqui estão pensam sobre os assuntos que comento. Portanto, fique à vontade para escrever. Na medida do possível, responderei a cada um deles.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Pá - Pum!

Eis que de repente tudo vai bem, tudo do jeito que planejamos e, como num passe de mágica, o trem sai dos trilhos e as coisas começam a dar errado. Pior de tudo que isso costuma acontecer quando estamos num suposto auge, quando tudo está funcionando perfeitamente. O que fazer nesses momentos? Muitas pessoas se desesperam, outras colocam a culpa nos deuses em que acreditam, outros ficam relaxados e esperam passar. Qual será o melhor caminho para esses momentos da vida? Há alguma receita pronta para amenizar os impactos de situações desagradáveis? Acredito que sim e tentarei mostrar um pouco.

Por pior que a situação pareça estar, com certeza ela não é definitiva e, se olharmos para o lado, veremos que tem gente vivendo bem pior e nem por isso arrancou ou quer arrancar todos os fios de cabelo. A questão é enxergar o que se passa exatamente assim, ou seja, que se passa, algo passageiro, que tende a voltar ou à normalidade ou, com o tempo, nos colocar novamente em uma zona de conforto adaptada ao novo momento.

Indignar-se diante de fatos inesperados e ruins é, com certeza, o pior caminho. Em muitos casos, é preciso ver que nós mesmos é que provocamos aquela situação, nós a criamos e, desta forma, temos a obrigação de entender e procurar reverter, se isso ainda for possível. Colocar a culpa em outras pessoas também é o caminho percorrido por muitos. O fato de jogar a responsabilidade para outros alivia momentaneamente, mas depois a carga de culpa, para as pessoas que ainda demonstram algum sentimento coletivo, fica maior que o normal.

Quanto mais nos remoemos com fatos desagradáveis, pior fica. Reclamar de tudo, apontar erros dos outros, ficar inerte, pouco vai resolver. Bola pra frente, deixa baixar a poeira, se for o caso, e busque a solução do problema. Se não tiver como resolver, parta para outra, vislumbre alguma alternativa, que o mundo gira, o tempo está passando, e sua vida vai ficar com esse corte na história caso você se sente na cadeira ou então encoste em algum muro de lamentações.

É isso.

domingo, 25 de julho de 2010

Honesto?

Gosto de começar alguns textos com definições de dicionários. Acredito que tenha visto muito isso nos textos (antigos, que são os melhores) do Max Gehringer. Saber melhor o que uma palavra significa, abre campo para a reflexão, faz a gente usar melhor as palavras em determinados momentos, enfim, ajuda na comunicação.

Hoje pensei nessa questão do ser honesto. Antes de tentar expor alguma coisa sobre isso, recorro ao amigo Aurélio para ver que honesto pode ter o significado mais óbvio, que quer dizer correto, decente, probo, mas pode significar também conveniente, adequado. Engraçado como uma palavra pode ter esse leque de aplicações, como pode, dependendo do ponto de vista, ter aplicações até mesmo divergentes de ideias.

A honestidade é um conceito muito amplo, difícil de enquadrar taxativamente todas as condutas. Pode variar até mesmo de cultura para cultura. O Brasil não é lá muito bem visto quando se fala em honestidade, visto o famoso hábito do jeitinho brasileiro. Muitas pessoas usam e abusam desse jeitinho para se dar bem, para conseguir vantagens. Não sei se isso vem de criação, da genética, da índole (sabe-se lá de onde vem isso também). Só sei que algumas pessoas agem mais dessa maneira que outras. Aqui não adianta ter falso moralismo, todos nós já levamos alguma vantagem, seja ela a coisa mais banal que for, em algum momento de nossas vidas.

Há aquela máxima que de que se deve, além de ser honesto, parecer ser honesto. Tudo bem, é importante demonstrar a honestidade, mostrar que hábitos desonestos não são bem vindos. Mas só mostrar, ou melhor, tentar mostrar mais do que o necessário, torna o gesto um pouco artificial, parece que estamos fazendo aquilo lá para aparecer. Ser honesto deve ser um hábito, não uma escolha.

Escrevi essas linhas por um acontecimento dia desses. Fui a uma loja de tênis, loja conhecida, e achei um tênis que já “paquero” faz tempo, mas ainda falta coragem de pagar a grana que pedem por ele. Pois bem, cismei de passar lá e vi o tênis com mais de R$100,00 de desconto. Na hora já pedi um pra experimentar e, lógico, já peguei a caixa e fui pagar. Para minha surpresa, na hora do pagamento, o preço estava acrescido com o valor do suposto desconto. Chamei o gerente para reclamar e quando ele chegou, viu que a diferença do valor foi devido a um erro do funcionário que coloca as etiquetas. O código do consumidor não estabelece a diferença para isso, apenas menciona que o consumidor pagará o valor que estiver declarado, independente se esse valor está abaixo do normal. Legalmente eu levaria o tênis bem mais barato, mas e moralmente? Com toda certeza essa diferença seria (ainda ouvi o gerente cochichando isso com outro funcionário) descontada do salário do funcionário que errou. Achei que não valeria a pena, não me sentiria bem sabendo que um cara que ganha um pouco mais de um salário mínimo levaria aquele baque no final do mês. Deixei o tênis por lá, mas voltei pra casa com a sensação de que, indiretamente, ajudei alguém a ficar mais tranquilo.

É isso.