Algumas considerações iniciais

Tentarei manter uma regularidade nas postagens, mas não combinarei prazos. Por ser uma das válvulas de escapes utilizadas por mim, deixarei que este blog seja alimentado de acordo com a inspiração, e não com o calendário.

Gosto dos comentários. Não são, para mim, apenas um sinal de popularidade, como a maioria dos blogs que vejo. Eles têm um significado maior, que é o de saber como as pessoas que aqui estão pensam sobre os assuntos que comento. Portanto, fique à vontade para escrever. Na medida do possível, responderei a cada um deles.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Você veio aqui para que?

Ano novo que se aproxima, metas que serão estabelecidas, antigos hábitos que serão deixados (ao menos no campo da tentativa) de lado. É sempre a mesma história. Uma quinta que vira sexta e tudo mudará completamente na vida de todos. Pena que não é tão simples assim. A energia da virada do ano nos faz pensar em muitas coisas, em muitas mudanças, mas o tempo vai passando e continuamos agindo da mesma forma, com a mesma rotina, torcendo para chegar logo o fim do próximo ano para que possamos novamente nos renovar com essa energia. É a mesma história das dietas que começam apenas nas segundas-feiras.

Essa época me faz pensar em qual meu papel por aqui, nessa bolinha coberta de água. Não quero entrar num campo filosófico, de discussão de valores sociais, de essência do ser. Apenas penso que se estou aqui é porque há alguma razão de ser e, se existe tal razão, eu tento caminhar da melhor maneira possível. Sabe a história de se fazer a diferença no mundo? Pois é, eu penso nisso sim. Não tenho pretensões em ser Gandhi ou Mandela, não estou aqui para desarmar a bomba atômica, mas tenho convicção que posso fazer a diferença sim na vida de muitas pessoas. E como posso fazer isso? Simples! Com meu trabalho, qualquer que seja ele, realizado de forma honesta, com energia e foco na resolução de problemas alheios, sem desejar recompensas ou reconhecimentos globais.

É possível descobrir logo nosso papel? Acredito que não. Muitas pessoas passam anos, envelhecem e morrem sem saber de fato a que vieram aqui. Trabalham, batalham, mas não sentem em seu íntimo que estão fazendo a tal diferença. Isso gera um sentimento de frustração que muitas vezes não é compartilhado e morre com a pessoa. Você quer isso para sua vida? Quer passar anos e anos trabalhando em uma coisa que não lhe faz feliz? Lutar tanto e ver que você poderia ter feito outra coisa mais útil, não só para a sociedade, mas para sua vida? Claro que não. Ninguém quer isso, mas são poucos os que se atentam, são raros os que têm coragem para parar o ônibus e pedir para descer, para embarcar em outra direção, em uma vida que definitivamente tenha sentido.

Descobrir o que te faz feliz nem sempre é tarefa simples. Demanda tempo, reflexão, conversas, estudos. Mas esteja certo, caro amigo, essa dedicação vai valer a pena. Trabalhar naquilo que te faz bem é muito bom. O tempo passa mais rápido, o salário tem um valor maior, você é recompensado a todo o momento pelas mínimas coisas que acontecem. O árduo, do famoso “trabalho árduo”, desaparecerá.

O grande problema de se buscar aquilo que te satisfaça é que, como as outras coisas na vida, há um preço a ser pago. Há casos em que a própria pessoa banca a mudança, mas na maioria das vezes é preciso abrir mão de muitas coisas, de conforto, dinheiros dos pais, segurança. Não são todas as pessoas que estão dispostas a viver uma vida, ou parte dela, de sacrifícios em busca de um sonho. Não são todas as pessoas que enxergam além do dinheiro, que trabalham para que a visão não fique restrita ao campo monetário. Talvez aí esteja grande parte das frustrações dos tempos atuais, já que, por uma pseudo segurança, abre-se mão de um futuro promissor, em uma carreira onde a capacidade da pessoa pode ser explorada ao máximo.

Não é difícil. Revire seu baú de memórias, veja como agia quando criança, adolescente. Tente lembrar das coisas que gostava de brincar, do seu comportamento na escola, na rua. Parece uma tarefa boba, mas é possível ver que muita coisa dessa época vai refletir na sua escolha por uma profissão, ainda que você não faça uma ligação imediata desses dois momentos. E outra: não fique muito tempo em um lugar que te faça infeliz. Troque, corra atrás de outras coisas, veja seus talentos, seus dons e busque fazer atividades que possam parecer brincadeiras, que aí sim seu trabalho renderá muito mais e dará a você, diariamente, a sensação de dever cumprido.
.
É isso.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Reagindo

É engraçado como as pessoas reagem de forma tão diferente quando se veem diante de um conflito. As reações são inesperadas e por mais que pensemos que vamos controlar, só é possível saber qual seu perfil quando a situação realmente acontece. Podemos até prever um pouco, já que a reação tem relação com a personalidade. Mas em um conflito o nível de adrenalina aumenta, ficamos estressados e reagimos, podendo parecer, quando a cabeça esfriar, que não foi um de nós que fizemos aquilo.

Há diversas formas de se encarar um conflito. Segundo a doutrina que estuda a mediação de conflitos, as soluções mais usadas são o enfrentamento (verbal ou físico), a resolução (ou, ao menos, a tentativa) ou se ignora o problema. Cada uma dessas alternativas traz vantagens e desvantagens e são usadas de acordo com o perfil da pessoa e da real necessidade de determinando conflito ser solucionado.

Particularmente, opto pela opção de ignorar. Sei que não é a melhor, mas com ela evitam-se brigas, discussões, embates. Lógico que não vai resolver o problema, mas pelo menos outros não são criados. A grande desvantagem dessa opção acontece quando a outra parte envolvida também ignora. Isso cria um círculo vicioso e a coisa não anda, o problema não é resolvido e a relação, que antes era excelente, torna-se insuportável.

Tem gente que opta pelo enfrentamento. Ainda me assusto quando vejo essas pessoas buscando resolver os problemas dessa forma. Uma amiga, para resolver uma questão com um rapazinho pra lá de mentiroso, procurou o endereço da namorada atual do cara e foi lá falar, na frente da moça, inclusive, algumas verdades, desmascarando muitas mentiras que ele contava para ambas. Para piorar um pouquinho, essa minha amiga não tem, ao menos aparentemente, esse tipo de perfil. Ficou aí um bom exemplo de como a gente não sabe exatamente que tipo de atitude que vamos tomar quando tivermos que agir.

Não há uma receita de bolo para se resolver problemas. Cada um anseia uma reação diferente e cabe a nós decidirmos qual tipo de resolução daremos àquele caso. Fato é que nossa opção terá reflexo na posição da outra parte e, dependendo do que a gente escolher, pode magoar e piorar ainda mais as coisas. Vivemos numa cultura de não tolerar os erros alheios e temos muita dificuldade em aceitar que erramos. Pedir desculpas é algo raro hoje em dia. Buscar o diálogo, o entendimento, é tarefa que não é mais realizada. Perdem-se boas amizades por conta de fatos que nem ao menos sabemos do que se trata. Nem mesmo a causa do conflito é esclarecida, dificultando, para não dizer impossibilitando, qualquer tipo de acordo. O primeiro passo é saber onde você errou, o que fez para magoar a outra parte.

O ideal é que não houvesse desentendimentos, mas eles estão aí e precisam ser enfrentados. Buscar o diálogo é sempre a melhor opção, mas não é a única alternativa. Não ser rude e ter humildade são requisitos fundamentais para início de conversa. Aceitar que errou é importante. Pedir desculpas não dói. Ceder em alguma coisa é necessário. A grande questão é colocar em prática essas atitudes, mas o exercício deve ser diário e não podemos esmorecer... uma hora a gente evolui!
.
É isso.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Primeiras (e não finais) impressões

Constantemente ficamos diante dessa situação: somos apresentados a alguém e temos que, naquele curto espaço de tempo, demonstrar que somos “dignos” de interesse, que aquele desconhecido pode conversar conosco sem se arrepender. Para algumas pessoas isso é muito natural, algo quase instintivo. Para outras, entretanto, é tarefa árdua, mas que pode ser minimizada se houver colaboração da outra parte.

É natural as pessoas se conhecerem, acontece praticamente todos os dias. Somos seres movidos pela comunicação e pela necessidade de interação social. Lógico que isso varia de pessoa para pessoa, mas, no geral, é agradável conhecer pessoas novas, ficar sabendo de histórias de vidas diferentes da sua. A questão é como esse início de relacionamento acontece, se há alguma forma de torná-lo mais tranquilo, principalmente para aquelas pessoas caladas ou tímidas.

Para começar, é preciso distinguir uma pessoa calada daquela pessoa tímida, na essência da palavra. O tímido não consegue estabelecer uma relação, fica tenso quando alguém se aproxima, responde em monossílabas, respostas curtas, evitando contato visual, entre outras características. Já a pessoa calada não corresponde necessariamente a uma pessoa tímida. Vários são os fatores desse tipo de comportamento, mas creio que o mais comum é que esse tipo de pessoa prefere, ao menos num primeiro momento, ficar calada para observar o ambiente em que se encontra. Essa observação é muito importante para os calados, com ela é possível ver um pouco da personalidade dos frequentadores do local, ver com que é mais fácil estabelecer um contato inicial, entre outros fatores.

Há aquela ideia de que a primeira impressão é a que fica. Talvez isso seja verdade, mas é possível, dependendo da imagem que se tem no início, alterar essa impressão inicial. Lógico que um contato inicial muito traumático, com uma pessoa grossa, arrogante ou extremamente inconveniente, por exemplo, dificilmente terá a imagem alterada. Em outros casos, principalmente quando se tem contato com alguém que inicialmente lhe parece desinteressante, fútil, sem uma conversa atraente, há possibilidade de se reverter essa imagem, bastando, para isso, que se dê uma chance para essa pessoa.

E qual tipo de chance? Simples! Puxe conversa, tente entender um pouco mais aquela pessoa que está contigo, coloque na conversa assuntos que mexam com a atenção dela, enfim, dê um pouco de atenção que a coisa anda, você se surpreenderá com o que aquele desconhecido “chatinho” pode oferecer. Mais do que uma simples conversa agradável, esse inicio de relação pode se transformar em uma amizade sólida, com uma atenção que você talvez não tenha daquela pessoa que inicia um relacionamento em segundos.

Talvez o caminho mais fácil, e ao mesmo tempo mais difícil, seja nos livrarmos de qualquer espécie de preconceito. O famoso “não fui com a cara” significa que não demos a chance sequer daquela pessoa se apresentar, de conhecer o mínimo de sua personalidade. O fato de a ignorarmos, sob o argumento de que a outra pessoa se mostrou desinteressada, não quis muito papo, não serve e não deve ser usado nessa situação. Dê mais atenção àqueles que estão a sua volta, pense que pode haver uma pessoa interessada em conversar contigo, escutar seus problemas, compartilhar experiências, enfim, alguém que, após se estabelecer confiança, vai ser sempre um ombro amigo pronto para te ajudar.

É isso.