REALINHAR

A vida muda

Os poemas acompanham

Mas não se iluda

Com as leituras que estranham

Se o teor mudou

Pobre do poeta

Que não busca bem no fundo

Aquela escrita certa

Que tenta num torto traço

Realinhar os sentidos

Desfazer os embaraços

  

Mas ainda há de estar

Tudo que viveu permanece

E embora sejam frases secas

O passado não se esquece

Adormece, é um fato

Num cochilo, eu reato

No acaso que sucede

Eis que acorda, ingrato

Thiaguinho - Acredito no Amor

BALELA

A vida sempre surpreende

"Mas eu já vivi de tudo " - balela

Quando menos se espera

Ela vem e traz novidade

Balança, faz do agora uma saudade

Faz a gente ser pequeno

Num encontro na chuva, no sereno

Na marota conversa num carro

Na corrida que não houve de fato

Mas veio, e sempre virá

Pois assim a vida é de estar

Numa roda infinita que gira e seduz

Num olhar tão focado que reluz

Numa chama que acende perto do apagar

Numa vontade de ter e não largar

E pode não ser compreendida

Que figura estranha, essa vida!

Pode até parecer ilusão

Pode balançar na decisão

Deve esquecer a visão mais sofrida

E criar os momentos que constroem, de fato, a vida

TIAGO IORC - Bilhetes

ABRAÇOS

O abraço que não teve

Porque você se conteve

Porque não seria de entrega

A armadura ainda é grossa

Mas houve ruptura, não se nega

São coisas tão pequenas

Que podem causar arrepio

São conversas tão serenas

Num antes de dar calafrio

A distância inicial

Não reflete o momento

Nos segundos de silêncio

Buscando convencimento

Nos olhares que se fecham

Talvez a convicção

Que se insista em suas trocas

Que abraços vêm e vão

Diogo Nogueira - Clareou (Ao Vivo)