"O
homem é dono do que cala e escravo do que fala. Quando Pedro me fala sobre
Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo." Deparei-me com essa
espetacular citação de Freud, postada por um colega em uma rede social e me
surpreendi com tanto conteúdo em tão poucas palavras. Como é nobre esse poder
de sintetizar toda uma situação em duas linhas! Como é genial provocar uma
reflexão em nosso comportamento falando tão pouco!
Bem, voltando ao assunto da citação, muitas vezes nos vemos
em meio a um mundo de fofocas, de jogos de intrigas, de invejas. E lá está
aquele tipo de pessoa má, que não perde uma oportunidade para cutucar, para
denegrir, para fazer um pré-julgamento, para incitar todos contra um alvo que
não tem a mínima chance de defesa. E muitos de nós embarcamos nesse jogo, nos
tornamos “inimigos” de alguém que sequer conhecemos. De uma hora para outra
passamos a não gostar de uma pessoa, como se ela tivesse feito coisas
terríveis.
Falar dos outros, procurar sempre a culpa do lado de lá,
deixar de olhar para si, nada mais é do que uma espécie de defesa, defesa de
pessoas fracas, de pessoas infelizes, pessoas com questões mal resolvidas. É
justo deixar essas pessoas se afundarem ainda mais? Há quem não ligue, há quem
ache que o melhor caminho é se afastar. Não concordo. Acredito ser possível
mudar comportamentos com exemplos, com ações, com palavras. Não custa tentar. É
bom acreditar na mudança de alguém, acreditar que podemos tirar uma pessoa de
uma situação ruim, mostrar a ela que há um caminho diferente do rancor, do ódio
indiscriminado.
Quer seja Pedro, quer seja Paulo. Fazer o bem sem olhar a
quem, como já dizem as vovós por aí. Releve algumas coisas, vale até mesmo
engolir um sapo aqui, outro ali, evitando conflitos que não levam a lugar
algum. Durma tranquilo sabendo que não alimenta ódio por ninguém, que tentou
fazer seu melhor sem interesses em obter vantagens. A vantagem maior é ter sua consciência
limpa sempre.
É isso.