Algumas considerações iniciais

Tentarei manter uma regularidade nas postagens, mas não combinarei prazos. Por ser uma das válvulas de escapes utilizadas por mim, deixarei que este blog seja alimentado de acordo com a inspiração, e não com o calendário.

Gosto dos comentários. Não são, para mim, apenas um sinal de popularidade, como a maioria dos blogs que vejo. Eles têm um significado maior, que é o de saber como as pessoas que aqui estão pensam sobre os assuntos que comento. Portanto, fique à vontade para escrever. Na medida do possível, responderei a cada um deles.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

QUEBRANDO TABUS



Aproveitando a onda deste novo filme do cinema nacional, volto a conversar sobre o tema das drogas. Ainda não assisti a este trabalho, mas pela polêmica que ele está causando pode-se perceber o quanto o assunto é delicado, o quanto incomoda e quantos debates ainda vai gerar. Outro documentário atual que trata o assunto é o chamado “Cortina de Fumaça”, filme novo, que também conta com a participação do novo e badalado garoto propaganda da descriminalização da maconha, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Observando este segundo filme, é possível ver que alguma coisa realmente não anda bem, que o atual modelo de repressão está fadado ao fracasso e que ele é mantido por segmentos que detém interesse na continuidade deste padrão, que lucram muito com isso, com a forma pela qual a coisa é tratada.

É chegado o momento de discutir este assunto com mais profundidade. O Estado gasta rios de dinheiro numa repressão ferrenha, investindo em forças policiais, no judiciário e, principalmente, nos presídios, estruturas que já não mais comportam a quantidade de gente presa por tráfico de drogas, crime que mais leva essas pessoas para trás das grades e que, pela legislação atual, possui penas severas, sempre com reclusão em regime inicialmente fechado.

É preciso entender e enxergar que alguma coisa precisa ser feita com urgência. Apenas demonizar as drogas, repreender sua disseminação, sem dar uma contrapartida, sem ações na área da saúde, da educação, ações sociais, é, como se diz na linguagem popular, enxugar gelo. Aquele traficante preso na esquina é automaticamente substituído por outro, que corre para ocupar o posto e lucrar, ainda que por pouco tempo, com o comércio do entorpecente.

O Brasil é um país onde reina a hipocrisia, aqui os assuntos polêmicos são deixados de lado, principalmente pelos políticos, que temem perder votos por expressar um ponto de vista. Por que não encarar assuntos espinhosos de frente, resolver logo essas questões? Ir cobrindo com panos quentes é cômodo, mas o resultado é desastroso. Deixar do jeito que está é de praxe por aqui, mas até quando vamos suportar?

O pontapé inicial foi dado. O debate precisa surgir. Liberar ou não o consumo da maconha, regularizar a venda ou não, é coisa para o futuro O ponto crucial é discutir, ver o que está errado no atual modelo e buscar as alternativas para melhorar. E é preciso certa urgência neste sentido, sem demagogia, sem hipocrisia, sem preconceitos, sem opiniões baseadas em “achismos”, a coisa precisa ser discutida com dados acadêmicos, estudos científicos, com gente que entende e que possa finalmente resolver.

É isso.

9 comentários:

Ana Paula disse...

O seu post bem coloca isto. Não é uma questão de sim ou não. É para ser debetido e pensado, deixando de lado preconceitos principalmente. Pesquisas, dados, pessoas com conhecimento científico... precisamos dar abertura. Não dá para achar que mandando todos os envolvidos com drogas para os presídios vai funcionar. Estamos vendo que não, mas parece difícil enxergar. Abraço!

M.enal.i disse...

Ótimo texto Vitão!
Tenho uma opinião formada desde a adolescência, a descriminização é um dos caminhos, mas é preciso muito mais. Como exemplo temos o cigarro, que tem um imposto muito alto e mesmo assim não cobre os custos dos doentes que entopem os hospitais com doenças geradas pelo fumo!

Victor Rosa disse...

Olá Ana!

Obrigado por aparecer por aqui...
Realmente as coisas não andam bem, mas no nosso país as coisas demoram a acontecer, outros interesses são votados antes de coisas que realmente importam.

Victor Rosa disse...

Olá Menali!

Será que os impostos do cigarro não cobrem mesmo estes custos? Tenho dúvidas sobre isso, pq é muita grana arrecadada todos os anos.

Além disso, penso que o governo aplica mal estes recursos. O trabalho de prevenção é ínfimo, a recuperação, tratamento da dependência, também acontece pouco. Fica mais fácil, porém muito mais caro, atuar na última ponta, quando o cara já está donte de verdade.

Anônimo disse...

Somente a partir de esforços integrados (diga-se, consciência social e política da população) conseguiremos combater o tráfico de drogas, bem como o uso da mesma.

Opino pela radicalização total quanto a não despenalização/comercialização acerca do uso das drogas.

Todos sabemos que ''soa'' muito fácil o discurso político que é necessário tratar os usuários de drogas, que o uso é uma questão de saúde pública, que a conduta tem que ser descriminalizada(despenalizada), que as drogas podem ser comercializadas desde que altamente tributadas, enfim.

Na minha opinião, num país como o Brasil, essa situação é utópica.Seja pela falta/omissão dos outros órgãos estatais (saúde, e educação por exemplo), quanto pela própria carência política no enfrentamento desse problema.

Enquanto isso, numa Delegacia de Polícia no país, o cana continua incessantemente a ''enxugar o gelo''...

Muito bom texto.

Grande abraço.

Rogério Lins

Victor Rosa disse...

Olá Rogério,

Obrigado por expressar sua opinião aqui. Como disse, o que a gente deve fazer é repensar o atual modelo, já que ele não está funcionando. é preciso enfrentar a situação, como você mesmo disse, as polícias estão enxugando gelo, o judiciário também fica de mãos atadas, e o problema só tende a aumentar. Quem sabe com o debate não surge alguma ideia que possa resolver?

Abraços!

Filipe Baptista disse...

Eu acho de estrema importância o esclarecimento de tabus tão recorrentes. De mostrar para os falsos moralistas que esse sistema não está ajudando muito, fazendo assim todo mundo refletir sobre a questão. Parabéns, estão fazendo a sua parte.

Victor Rosa disse...

Olá Filipe!
Obrigado pelo comentário. Como mencionei no texto, ainda que nenhuma atitude seja tomada agora, que pelo menos se inicie o debate com mais argumentos, para que a sociedade fique mais esclarecida e possa pressionar pelo o que achar mais correto.

Guilherme Freitas disse...

Ótimo artigo Victor. Infelizmente, o brasileiro ainda é muito conservador e tem medo de debater. Eu sou a favor da legalização da maconha, mas não agora. O Brasil não está preparado para lidar com isso. Estamos atrás de holandeses, portugueses e argentinos. Eles debateram, estudaram e analisaram o assunto. Aqui quem se lança a favor de um simples debate é taxado de ultra-liberal, inimigo da família, etc. Enquanto essa mentalidade conservadora não mudar não vamos avançar em nenhum campo, seja nas drogas, casamento gay, aborto, etc. Abraços.