Algumas considerações iniciais

Tentarei manter uma regularidade nas postagens, mas não combinarei prazos. Por ser uma das válvulas de escapes utilizadas por mim, deixarei que este blog seja alimentado de acordo com a inspiração, e não com o calendário.

Gosto dos comentários. Não são, para mim, apenas um sinal de popularidade, como a maioria dos blogs que vejo. Eles têm um significado maior, que é o de saber como as pessoas que aqui estão pensam sobre os assuntos que comento. Portanto, fique à vontade para escrever. Na medida do possível, responderei a cada um deles.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

O CORPO COMO MOEDA E AMY WINEHOUSE



Não, caros amigos, não irei escrever aqui sobre prostituição ou algo do gênero. Também não vou falar de loucuras que alguns fazem em vender partes do próprio corpo. A conversa aqui vai girar em torno de como maltratamos nossos corpinhos, como não damos valor a uma máquina tão complexa. Atitudes diárias que dão prazer, mas que serão cobradas em determinado momento.

Cada ação gera uma reação, já diria Newton. Com o corpo isso também ocorre. Uma alimentação desequilibrada aqui, umas gordurinhas ali, um excesso de álcool, uma cirrose, alguns cigarros, problemas no pulmão, e por aí vai. Pequenos prazeres que vão, pouco a pouco, deteriorando o organismo. Mas e aí, até que ponto é possível e viável pagar este preço em prol de um prazer, em virtude de uma causa? É aí que Amy entra na história.

Amy, pelo o que ficamos sabendo ao longo dos anos através da mídia, viveu uma fase de sua vida entrelaçada às drogas e ao álcool.  Buscou neles refúgio, conforto, amparo, esquecimento. Conseguiu ter realmente o que buscava? É impossível saber, somente ela poderia responder. O que a gente tem certeza é que eles foram fatores importantes em sua vida, foram decisivos em diversos momentos de sua curta carreira. Amy, assim como muitos outros artistas inovadores e de expressão, trocou a sanidade por uma loucura temporária inspiradora. Ganhamos em arte, mas o corpo de Amy, aquele corpo franzino mostrado exaustivamente por aí, cobrou seu preço, neste caso o preço maior, o preço da vida.

É justa esta troca? Quem estaria disposto a encarar o desafio? Quase ninguém, é a resposta. Amy, assim como contemporâneos seus que morreram de forma semelhante, faz parte de um seleto grupo de pessoas que pisaram neste planeta para inovar, expressar uma arte, renovar conceitos. Talvez a genialidade destas pessoas não fosse exposta caso elas optassem por viver como a maior parte das pessoas. O desvio da normalidade, seja ele obtido através do método que cada um encontrou, foi fundamental para que a inspiração e o talento encontrassem perfeita sintonia, sincronizassem com precisão.

O corpo cobra cada centavo pelo o que é exigido. Algumas pessoas têm pleno conhecimento disso e ainda assim arriscam. São atletas que se dopam, cirurgias complicadas para alterar padrões estéticos, substâncias que alteram o poder decisório. Tudo isso em prol de uma busca por um resultado que satisfaça, em primeiro lugar, o ego da própria pessoa, mas que, em alguns casos, respigam em nós em forma de arte, cultura, beleza. Obrigado, Amy, pelo sacrifício.

É isso. 

14 comentários:

Lílian Rodrigues disse...

Triste fim o de Amy, não? Nem sei o que representou a vida para esta mulher. De uma coisa sei... ela se enganou. O que Amy viveu foi ilusão, um sonho q acabou sem quer ser totalmente realizado. Victor! Parabéns pelo texto! Arrasou!

Ana Paula disse...

Sua última frase, exprime muito bem o preço que pagamos. E de alguma forma absurda e bizarra "gostamos"de ver esse preço pago exposto na mídia e talvez essa seja mesmo a receita do sucesso aliado a escândalos. Ótimo texto Victor. Beijo

Ricardo Dourado disse...

Fiquei muito triste com a morte dela mais ela cumpriu a sua missão!

Victor Rosa disse...

Oi Lilian,

Obrigado por visitar e pelo "arrasou"!

Talvez Amy tenha vivido exatamente a medida que se propôs a viver. Fez o que queria fazer, deixou sua marca, enfim, quem somos nós para questionar a felicidade alheia, não é mesmo?

Victor Rosa disse...

Oi Ana Paula,

Verdade, acho que este tipo de coisa chama mesmo a atenção. Mas no caso de Amy e de alguns outros, acredito que estas coisas não eram propositais. Quando a via, sentia um olhar de tédio, ela não queria todos estes holofotes, queria fazer a arte dela e somente isso.

Obrigado por comentar, volte sempre, beijos.

Victor Rosa disse...

Fala Ricardão,

Valeu por aparecer por aqui. Também acho que ela cumpriu seu papel, deixou sua marca.

Susyanne Alves disse...

Olá Vitor!

Seu post me lembrou Cazuza.
Ele foi um exímio representante dessa classe de pessoas raras que prefere viver a vida adoidado do que se preservar.
A-D-O-I-D-A-D-O mesmo. Sem limites.
Via de regra essas pessoas são cheias de talento assim como a Amy.
Me parece um preço que eles têm que pagar. Uma obra fantástica que o seu autor não vai poder desfrutar.

Susyanne
www.notempoemqueeutinhaumblog.wordpress.com

Victor Rosa disse...

Oi Susyanne,

Muito legal seu comentário, realmente Cazuza é um ótimo exemplo deste assunto que a gente está tratando aqui. E aí a gente consegue fazer uma lista imensa, isso se formos pegar só os músicos.... dá para colocar Cássia Eller, Renato Russo, Tim Maia, e por aí vai...

Obrigado por comentar aqui, volte sempre... t^indo dar uma olhada no seu blog agora.

Guilherme Freitas disse...

Acredito que Amy já estava condenada há muito tempo. Era questão de tempo sua morte devido ao pesado consumo de drogas. Porém, arrisco dizer que ela viveu plenamente sua vida. Foi até o limite em que o corpo e mente conseguiram aguentar seus vícios. Uma pena, pois tinha um talento nato e uma bela voz. É também um alerta para aqueles se drogam. Vocês podem viver no limite, mas terão uma vida curta. Abraço.

Victor Rosa disse...

Olá Guilherme!
Serve de alerta sim, lógico. Mas são poucos que possuem este talento que é aflorado pela alteração do estado normal.. paga-se um preço alto por isso, mas…

Efieme disse...

melhor viver 50 anos a mil do quel mil a 50

Victor Rosa disse...

Também acho… viver que nem a mulher do Belo, a tal de Graciane(vide uma reportagem recente no site da globo), só comendo coisas controladas… pra que isso? As vezes é melhor ter intensidade mesmo…

Joyce Nascimento Quaresma disse...

Interessante a exposição do assunto sobre a vida. Viver ou não intensamente? É uma escolha que só cabe a nós mesmos.Porém, acredito na infelicidade depois dos efeitos das drogas, aliás, fica exageradamente pior. Depois vem a ressaca moral, a depressão, e quem sabe a pergunta se é bom ou não viver intensamente nesses moldes.Falar de arte foi muito bonito, porém, as pessoas podem fazer melhor, tenho certeza disso, a artista Amy WineHouse veio antes de todo esse quadro louco de vícios. Justo dizer que ela ganhou o sucesso por esses fatos? Isso não foi sacrifício. Somente ela era suficiente para sua fama.Não precisava mais das drogas. Isso foi apenas fraqueza. Ainda assim, sou sua fã, admiro o trabalho de Amy.

Victor Rosa disse...

Oi Joyce!
Muito obrigado pelo comentário. De fato é uma questão complexa, mas acredito que em alguns casos esta escolha não é somente nossa. Algumas pessoas não são “normais”, estão alguns níveis acima de nós em determinados campos… e alguns destes dotes afloram somente quando a pessoa desprende a mente do nosso mundo.
Obrigado por escrever aqui. Comentários, citações opiniões e críticas dos leitores são as drogas dos escritores. Não me deixe em abstinência!