Algumas considerações iniciais

Tentarei manter uma regularidade nas postagens, mas não combinarei prazos. Por ser uma das válvulas de escapes utilizadas por mim, deixarei que este blog seja alimentado de acordo com a inspiração, e não com o calendário.

Gosto dos comentários. Não são, para mim, apenas um sinal de popularidade, como a maioria dos blogs que vejo. Eles têm um significado maior, que é o de saber como as pessoas que aqui estão pensam sobre os assuntos que comento. Portanto, fique à vontade para escrever. Na medida do possível, responderei a cada um deles.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Orgulhoterapia

Ninguém gosta de ser contrariado e, se fosse possível, as coisas deveriam acontecer sempre do modo que pensamos ser melhor. Sim, é um pensamento egoísta e que, felizmente, deixamos de colocar em prática por diversas questões, principalmente quando pensamos que isso só vai dificultar as relações interpessoais, que vai nos tornar pessoas menos sensíveis às causas alheias.

Cada um reage de uma maneira quando observa que não se seguiu aquilo que pensava, que achava ser a melhor opção. Uns ficam tristes, outros irritados, cabisbaixos e até mesmo depressivos. Há aqueles que internalizam e sofrem sozinhos e aqueles que deixam transparecer, não importando com o que as pessoas em volta irão achar daquele comportamento.

Fato é que, variando apenas quantitativamente de pessoa para pessoa, um sentimento vem à tona nesse momento. Esse sentimento é o que conhecemos por orgulho. Buscando auxílio do meu amigo Aurélio novamente, orgulho pode ser definido, no sentido que busco aqui, como um “conceito elevado ou exagerado de si próprio; amor-próprio demasiado; soberba”. Será que tal sentimento já rondou seu coração alguma vez, caro amigo? Bem provável que sim, não é?

Não é passível de crítica se isso já lhe ocorreu alguma vez. É natural sentirmos isso quando nos vemos em situações nas quais somos contrariados. Nosso amor próprio faz com que as possibilidades de resolução daquele determinado problema sejam reduzidas. Em alguns casos, não conseguimos enxergar que apenas uma atitude, uma palavra, poderia minimizar os impactos negativos de nossas decisões. Mas não, preferimos assumir aquela postura como uma verdade absoluta, sem qualquer possibilidade de alteração.

O orgulho só nos diminui, apesar de parecer o contrário. A própria valorização, se feita de forma demasiada, também nos diminui. Não aceitar o ponto de vista contrário, ou ao menos tentar compreendê-lo, idem. Como visto, caro amigo, se isolar dentro de seu imaginário, de suas convicções, pode ser maléfico, pode torná-lo uma pessoa menos querida, menos acessível. O que se ganha sendo intransigente? Absolutamente nada.

A pessoa orgulhosa não assume que errou, não consegue pronunciar a palavra desculpa. Em muitos casos tem ciência que não agiu corretamente, que poderia ter adotado outra postura. Fica sem conversar com pessoas queridas porque não enxerga nada além do seu próprio ponto de vista. Perde dias, meses e até mesmo anos de um bom relacionamento com uma pessoa querida, ainda que essa pessoa tente restabelecer a relação. E para que tudo isso, a troca de que? Mais uma vez é resposta é: para nada.

Não há muito que se dizer a uma pessoa que tem no orgulho a base de seus sentimentos. É muito complicado querer mostrar a ela que existe outro caminho, que outro ponto de vista pode ser mais interessante. Ela mesma precisa mudar, impor barreiras a esse sentimento, enxergar que em nada ele pode beneficiar. Isso é um processo de auto conhecimento, de evolução, que deve ser duradouro, uma batalha diária. Uma transformação lenta e gradual, com pitadas caprichadas de humildade, compaixão, bom senso, enterrando esse orgulho o mais fundo possível, para que ele jamais volte.

E como lidar com pessoas assim? Eis uma resposta ainda mais complicada. É louvável tentar contato, aparar arestas, mostrar o outro ponto de vista de uma forma mais sutil, menos conflituosa. Mas até que ponto, até quando é possível agir dessa maneira? Acredito que seja até o momento em que sua vida não será anulada por causa disso. Correr atrás de alguém que não aceita que errou, que não vê que estamos perto para ajudar, é desgastante e, na maioria dos casos, não surte resultados. Fique bem consigo mesmo, pense que você fez o máximo que poderia ter feito. Um dia, e é bem provável que esse dia chegue, o orgulhoso verá que poderia ter sido diferente, que ele jogou fora a chance de ser feliz naquele momento por pura vaidade. Aí será tarde, bem tarde...

É isso.

6 comentários:

Tiburciana disse...

Depois de ler se texto fiquei me perguntando se sou orgulhosa ???
Se o que tenho para mim como amor proprio na verdade é um orgulho besta e inutil
bjos

Victor Rosa disse...

Olá Tiburciana!!

Realmente é preciso avaliar esse tipo de questionamento. Muitas vezes esse orgulho nos deixa cegos, não permite enxergar o que realmente está acontecendo.

É preciso pensar com calma, refletir, buscar opiniões de outras pessoas. Só assim que a gente consegue ver a realidade e, após, tomar uma atitude mais coerente.

Beijos, é um prazer ter vc aqui no blog.

Guilherme Freitas disse...

Por isso que sempre gosto de receber críticas. As críticas nos fazem ver que não somos infalíveis. Ninguém neste mundo é perfeito! Abraços.

Mulher na Polícia disse...

É caro amigo, tenho mesmo muito a aprender com você. A cada texto, novas lições, novos ensinamentos.
Meu aprendizado às vezes parece ser lento. Isso me irrita tanto, tem hora. Mas… há que se ter paciência, né?
Bom final de semana.
Beijos!

Gordinha disse...

Esse texto ficou muito bom!!
É bom ver, muito bom mesmo ver uma pessoa orgulhosa saber que é e tentar mudar para a vida não ser ruim.
Parabéns.
Muito bom o texto.

Flavio Barbosa disse...

Parabéns pelo texto bem escrito e pela coerência!
Críticas são sempre bem vindas, não dá mesmo para achar que temos razão e somos donos do pensamento. É preciso mesmo avaliar o ponto de vista do outro e respeitar, sem achar que a nossa opinião é a que vale.
Valeu, abraços!!