Algumas considerações iniciais

Tentarei manter uma regularidade nas postagens, mas não combinarei prazos. Por ser uma das válvulas de escapes utilizadas por mim, deixarei que este blog seja alimentado de acordo com a inspiração, e não com o calendário.

Gosto dos comentários. Não são, para mim, apenas um sinal de popularidade, como a maioria dos blogs que vejo. Eles têm um significado maior, que é o de saber como as pessoas que aqui estão pensam sobre os assuntos que comento. Portanto, fique à vontade para escrever. Na medida do possível, responderei a cada um deles.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

AS LOUCURAS DE CADA UM: INDIGNAÇÃO



Não quero enlouquecer. O mundo passa por períodos difíceis, coisas inimagináveis acontecem, pessoas nos decepcionam a cada dia mais. E não foi sempre assim? Qual terá sido a sensação de quem viveu no passado e se viu em meio a guerras, doenças mortais, ascensão de figuras ditatoriais ao poder? Será que essas pessoas também pensavam que ali seria o fim do mundo? Que a modernidade não trouxe tantos benefícios assim para eles? Bem provável que a frase “antigamente era melhor” também era dita com certa frequencia.

Não posso concordar. Nada me obriga a aceitar que a corrupção é inerente aos brasileiros. Não acredito na conversa dessa turma que comanda há tempos e que não consegue provocar grandes mudanças sociais. Não entendo como a impunidade é a capa protetora da classe política deste país.  É inadmissível ver que a aplicação do Direito não é feita de forma igualitária.

Não vou deixar de fazer minha parte. Não vou me orgulhar de ser honesto, isso não é virtude, é obrigação. Não vou adotar o jeitinho brasileiro para me dar bem. Mas também não vou me calar quando vir que outras pessoas alcançam êxitos desta maneira. Quero falar o que penso e também quero que as providências sejam tomadas. Não quero votação secreta para livrar político corrupto de punição, não quero ver a polícia sendo acusada de usar algemas quando o foco das atenções deveria ser a corrupção das pessoas detidas.

Não devo deixar as coisas como estão apenas por comodidade. Posso me esforçar, fazer bem meu trabalho, melhorar um pequeno ponto e ter a esperança que outros tantos se juntarão ao meu, formando um sistema melhor, mais justo. Não vou colocar a culpa apenas no deputado palhaço, quando na verdade nós é que estamos no centro do picadeiro, com nariz vermelho, vendo toda a corja se movimento sempre em benefício próprio. Não dei meu voto para que excelentíssimo senhor fique fazendo homenagens e dando medalhas em vez de subir à tribuna para falar algo que preste, para propor ideias que realmente farão a diferença.

Não me rotule como chato. Não pense que a omissão muda alguma coisa. Está satisfeito com o rumo das coisas? Tome partido, cobre, fiscalize, denuncie. Deixe de ver um pouquinho da novela ou do futebol para acessar a página do seu vereador, do seu deputado, veja o que ele anda aprontando. Deixe de copiar uma citação que você nem sabe de quem é na sua rede social para demonstrar sua indignação com alguma coisa. Seja criativo, você pode sim ajudar nas mudanças. Se não sabe a resposta, pergunte, questione, mas, por favor, caro amigo, não se cale, não se omita. Faça sempre a sua pequena revolução.

Não quero. E não posso. E não vou. E não devo. E não. Não!

É isso. 

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A TORTURA AINDA É LIBERADA NESTE PAÍS?

Imagine a cena: o cidadão sentado em uma cadeira, ambiente escuro, apenas uma luz em cima do rapaz. Em volta dele, alguns homens com cara de poucos amigos, fazendo perguntas aos gritos. Para completar, a cada resposta negativa, sessões de esmagamento dos testículos, enforcamentos com cordas, pancadas com objetos perfurantes na barriga e lanças fincadas nas costas. Parece cena de um filme ou algum documentário retratando períodos da ditadura militar no Brasil? Pois bem, não é.

Hoje em dia, caros amigos, ainda que se espante com isso, este tipo de coisa acontece praticamente em todos os finais de semana. E, por incrível que pareça, as pessoas gostam e pagam caro para assistir a estas sessões de tortura. Os torturados estão lá, ficam quietos em seus cantos, esperando a evoluída raça humana ditar os rumos de suas sofridas vidas. E a cada anúncio dos auto falantes, lá estão eles, sendo submetidos às mais variadas formas de tortura, de crueldade, tudo em prol de alguns segundos de “diversão’ para a platéia, milhares de reais para quem tortura e milhões para quem organiza todo este circo.

É de se indignar, não é mesmo? Como pode, em pleno século XXI, acontecer este tipo de atrocidade? Como autoridades podem permitir que tais práticas sejam mantidas aos olhos de todos, como se normal fosse? Pois é, permitem e ainda apóiam, com incentivos fiscais, disponibilizando locais, incentivando com recursos públicos. Para piorar um pouco, diversos artistas de renome nacional e internacional vão a estes locais apresentarem seus shows.

Pois bem, a realidade é esta. O último caso de tortura alvo de matérias na imprensa é o de um peão que, em uma prova conhecida como bulldog, lesionou um bezerro a ponto de deixá-lo tetraplégico, tendo que ser sacrificado logo após a prova. Essa prova consiste no peão pular de um cavalo e, ainda em movimento, pegar o bezerro que foge desesperado, torcer seu pescoço até que o mesmo, para não ser ainda mais machucado, pule e se vire de costas para o chão. Outra prova com bezerros é a do laço, na qual o bezerro foge do peão montado em seu cavalo, até ser atingido por um laço no pescoço. Com o bezerro correndo, é possível imaginar o resultado disso: diversos casos de enforcamento do animal, além de lesões na coluna provocado pela freada repentina.

Na Espanha, país de primeiro mundo, evoluído, símbolo da supremacia da Europa, as touradas acontecem com frequência. Do mesmo que por aqui, lá os touros estão sujeitos às mais diversas formas de crueldade. Os animais são atingidos por estacas, lanças, espadas e adagas. Ao final, após o animal sangrar e sofrer muito, o toureiro finaliza a crueldade com uma espada, dando o golpe final e ceifando a vida do touro. Tudo isso aplaudido por milhares de espectadores.



Que tipo de espetáculo é esse em que as pessoas vão para se divertirem com o sofrimento dos animais? Até quando vamos tolerar que se maltratem seres vivos para que empresários e peões profissionais enriqueçam? Quando os artistas vão se tocar que ao se apresentarem nestes eventos, estão dando sinal positivo para tudo que ocorre lá? Por que nosso dinheiro é investido pelo poder público nestes eventos?

Somos pequenos frente à máquina que controla tudo isso. Mas podemos, ao menos, fazer nossa parte. Boicote rodeios, caro amigo, ainda que seu artista favorito vá tocar lá, não compre ingresso para vê-lo. As redes sociais estão aí, demonstre sua insatisfação com este tipo de coisa. Por mais que ache pouco, se cada um fizer sua parte, pode ser que alguma mudança aconteça. E se não acontecer do modo que desejamos, ao menos durmo tranquilo, sabendo que não contribuí para que esta barbárie continue acontecendo.

É isso.