Algumas considerações iniciais

Tentarei manter uma regularidade nas postagens, mas não combinarei prazos. Por ser uma das válvulas de escapes utilizadas por mim, deixarei que este blog seja alimentado de acordo com a inspiração, e não com o calendário.

Gosto dos comentários. Não são, para mim, apenas um sinal de popularidade, como a maioria dos blogs que vejo. Eles têm um significado maior, que é o de saber como as pessoas que aqui estão pensam sobre os assuntos que comento. Portanto, fique à vontade para escrever. Na medida do possível, responderei a cada um deles.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Mundo mundo vasto mundo

Não sei se este é um sentimento coletivo ou uma paranóia individual minha. De todo modo, é uma sensação que incomoda, faz sentir menor. Não ocorre em todos os momentos, aparecendo, sobretudo, quando sinto que o tempo passou e nada produzi, ou seja, literalmente falando, matei o tempo.

Falo da sensação que tenho quando imagino que o mundo corre, as coisas acontecem, pessoas nascem e morrem, e aqui estou, preso a uma bolha, a um pequeno círculo, sem saber ao menos o que se passa na casa do vizinho ao lado. Pense bem, só neste tempo em que você leu este pequeno trecho do texto, quantas coisas, boas ou ruins, já aconteceram. Acha isso estranho? Já pensou sobre isso?

Quantas vezes já deixamos de fazer alguma coisa e nos arrependemos logo depois por não ter feito? E se tivéssemos lá, o que seria diferente? Aparentemente nada. A Terra continuaria girando do mesmo modo. Não para nós, obviamente. Cada escolha implica numa diferente reação do mundo, do nosso mundo, do mundo daquele que nos cercam. Pensando desta forma, é uma responsabilidade enorme cada decisão que tomamos. Talvez por isso, por um instinto que nos previna desta paranóia, é que analisamos, ação por ação, o que vai ser melhor para nós.

Arrepender por não ter feito algo ou por ter tomado aquela decisão, o que é pior? Não sei. Acredito que a linha de se arrepender do que não se faz somente é melhor. Não tomar a decisão, não fazer, é pior em dois sentidos: primeiro por saber que uma decisão em contrário poderia ser boa, depois por ter perdido a chance de mudar alguma coisa, nem que seja uma mudança boa de humor, ainda que temporariamente. Quando a gente faz, na maioria dos casos é possível ou retornar ao ponto de origem, ou deixar a coisa como está. Não fazendo, fica difícil saber o que poderia ser, além da decepção pela falta de coragem pela omissão.

Há remédio para este sentimento de ser pequeno perto da imensidão do mundo? Talvez. É um remédio natural, que deve ser tomado em doses homeopáticas. Basta viver, usufruir o bem maior que temos, a liberdade de opção. Ir a uma festa ou ficar em casa num sábado à noite, o que é melhor? Vai ser melhor sempre aquilo que o coração mandar fazer no momento. Mas não basta escutá-lo, sob o risco de confundir suas “falas” com outros sentimentos, como a preguiça, por exemplo. Antes de tomar uma decisão, pense, reflita, não responda de pronto. Quantas vezes fomos a um lugar achando que seria horrível e na verdade foi muito bom? E quantas vezes aconteceu o contrário? Aposto que a primeira situação ocorre muito mais que a segunda, não?

Não quero passar em casa enquanto o mundo gira. Vivemos em um formigueiro, então que conheçamos, ao menos, as formigas que aqui vivem conosco. Para conhecê-las, temos que ir a lugares, aos eventos. A internet ajuda nisso, mas é insuficiente, já que ao mesmo tempo em que une pessoas com interesses semelhantes, as afastam, pela frieza de um monitor e pela comodidade que trás, que se transforma numa preguiça de sair dali.

Então, caro amigo, viva, converse, conheça, se entretenha e se entrelace com o que lhe agrada. O que se busca nesta vida? Certamente não é apenas dinheiro ou bens. É mais que isso. A busca pela felicidade está interligada no contato com outras pessoas. De nada adianta ter tudo e não ter ninguém para compartilhar seus feitos. A sensação de ter conhecido pessoas legais é mais intensa do que a de comprar uma roupa da moda. Esta última passa tão rápido quanto a própria moda, ao passo que a primeira tem efeito prolongado e pode ser repetida inúmeras vezes, bastando que a gente queira.

É isso.

Obs: o título deste texto foi tirado do Poema de sete faces, de Carlos Drummond de Andrade.

16 comentários:

Unknown disse...

ViCtor,rsrsrs
Adorei o título - a intertextualidade é um ótimo recurso para se produzir textos de opinião - e ainda mais o texto. E não pense que é elogio barato!
Mais uma vez concordo c vc. As pessoas estão se contentando em viver enclausuradas em seus "mundinhos", sem se importarem c o q acontece em volta. A internet é útil e nos oferece a possibilidade de comunicação c O MUNDO, mas também pode nos impedir de viver bons momentos. E então ela pode se tornar um refúgio, até mesmo uma prisão, para os que se acomodarem.
Não há nada como se surpreender c o inesperado, fazer novas amizades, ter uma boa conversa, receber um carinho, um abraço e um beijo - PESSOALMENTE!
Adoro Drummond!
Ah... única leitora não! Mas deste, eu sou a primeira!
Bjs, meu amigo!

Victor Rosa disse...

Olá, Maria Antonia!

Mais uma vez agradeço por vc escrever aqui. Você não sabe o quanto fico feliz quando vejo um comentário seu!!!

Ando meio sem paciência para escrever e com a cabeça voltada para outras prioridades. Acho que se for seguir seu conselho, escrever para jornal ou revista, vou passar um pouquinho de aperto.. esse lance de escrever com prazo não dá muito certo não... acaba que os textos ficam que nem aquele livro "O Jogador" do Dostoievski... apesar do talento dele, esta pressão o fez escrever esta grande porcaria...hehehe... enfim, mas quem sou eu para me comparar a ele...

Bom, tô achando ainda que vc é minha única leitora por enquanto...ehehe... apesar do contador de visitas estar aumentando aos pouquinhos, acho que a maioria das pessoas deve só passar o olho... mas tem problema não... se um dia isso der em alguma coisa, pode deixar que o primeiro exemplar vai ser seu, minha leitora favorita!!! hehehee...

bjos

Anônimo disse...

Olá!

Não posso ficar sem elogiar seu texto...como sempre, um texto gostoso de ler, e um assunto envolvente, e escrito de uma forma leve.
Não sou jornalista ou escritora, ou qualquer formação na área, mas falo como leitora leiga, que adora pequenas crônicas escritas sobre o nosso cotidiano insano.
Realmente, essa realidade tão contraditória...parar e ver o que poderia ter feito, o tempo que desperdiçou com coisas pequenas...pequenas brigas, implicância com coisas sem valor...e o tempo passa....e vc não pode recuperá-lo. Isso às vezes me perturba também, a sensação de viver isolada em uma bolha, e que o mundo gira frenéticamente, e coisas acontecem....como se tivesse uma grande festa na casa do seu vizinho acontecendo e você não foi convidado, fica apenas assistindo pela janela...
Tenha uma ótima semana...
Abraço!

Victor Rosa disse...

Oi Aline!!!

Que bom que vc apareceu no blog novamente...

Fico muito feliz de ver seus comentários aqui... estou com saudades das nossas conversas filosóficas....hehehee

Bjão!!!

Unknown disse...

Muito bom texto Vitão, reflexões simples sobre coisas profundas de nossa existencia. O insulamento que a sociedade tem se imposto tem gerado mais tristezas que alegrias. A sociedade do consumo tem procurado preencher o vazio existencial coletivo com o consumismo insípido que ilude nossa vida já cheia de ilusões e afastada da realidade, uma das razões fortes que distancia o homem da real necessidade de resolver seus problemas.


Abraços

Anônimo disse...

Fiquei sabendo de seu blog em uma comunidade do Orkut, e me identifiquei logo de cara. Você escreve muito bem. E concordo com tudo o que você disse nesse texto. As vezes estamos tão fechados em nosso mundinho que nos esquecemos de olhar o mundo a nossa volta. E isso é péssimo. É difícil, mas estou tentando mudar essa atitude.
Bom, é isso. Outra coisa, adorei o título do texto, pois sou completamente apaixonada pelos textos de Carlos Drummond de Andrade.
Abraços e parabéns pelo site.
Paula.

Victor Rosa disse...

Olá Paula,

Muito obrigado pela visita ao blog. Espero te ver mais por aqui daqui pra frente!!!!

Até qualque hora!

Isaque Criscuolo disse...

Victor, compartilho do mesmo sentimento que você. E meus olhos brilharam a cada linha deste texto. Parabéns e Obrigado! Abraço!

BGC

Kellen disse...

Sinceramente, penso ser um epidemia coletiva mesmo! Parece que com o avanço das comunicações, ambições complexas e popularização da informação temos a impressão de estarmos sempre lentos..rs é muito louco mesmo…
Sds
Kellen
Meu Mundo Amigo
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BGC

Francisco Castro disse...

Olá!
O mundo com a sua imensidão, todos os seus mistérios, com tantas coisas ruins e tantas coisas boas, com tanta gente que não presta e com tanta gente maravilhosa é um encanto que não pode ser trocado por nenhum outro lugar.
Abraços
Francisco Castro
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BGC

Luciana Bepller disse...

MUITO BOM!
Parei por um segundo e pensei…
Como o medo nós trava,de viver momentos inesqueciveis!! NÃO SOU TÃO BOA COMO VC, MAS PARA UM AMIGO A GENTE TENTA!!

Vanessa disse...

Sair e conhecer pessoas legais é sempre bom, mas às vezes eu tenho a sensação de que isso vicia.Quanto mais eu saio e faço novas amizades mais eu tenho vontade de sair, parece uma avalanche. Acho que é importante também ter um momento só nosso, um momento de introspecção para nos conhecermos melhor e com isso facilitar a nossa socialização com outras pessoas. Adorei o texto, me refletir sobre vários momentos da minha vida. Um texto que realmente despertouminha atenção e emoção.
Um abraço,
Vanessa

Antonio Paulo disse...

Fala meu caro!
Realmente o mundo é vasto, muito maior que podemos imaginar ou crer, mesmo sendo tão ínfimo diante da imensidão do universo.
Agora, o que uma dicisão ou uma ação pode implicar nessa roda gigante maluca?
Talvez tenhamos mesmo que pagar para vê…mas não sei bem ao certo se agir é a melhor opção, ainda tenho muitas dúvidas sobre isso.
Na verdade esse negócio de que temos que agir é necessário…de que é melhor se arrepender do que se faz…para mim é um tanto quanto contraditório. Às vezes a melhor decisão é não fazer nada…não partir para cima só para vê no que vai dá…, pois os riscos que uma ação desse tipo pode nos trazer pode não ser remediada facilmente.
Não quero dizer, nem tampouco incentivar, que não devemos agir. Mas continuo a acreditar que a vida seja uma corda bamba e que qualquer desequilíbrio que se gere pode ser necessário uma força monumental para recuperá-lo.
Vale ressaltar o Isaac Newton insculpiu:”toda ação gera uma reação, de mesmo módulo, mesma direção, porém em sentido contrário”.
Tudo isso me leva a pensar que a “força” que iremos dissipar deva ser bem calculada e se possível exata, independente se o resultado for zero.
Mas é isso, independente da decisão é necessário agir para concretizá-la, mesmo que não haja deslocamento, que o ponto de partida seja o mesmo da chegada.
Grande abraço.

Fran disse...

Adorei o texto….
É a mais pura verdade.As vezes deixamos a vida passar, nos prendendo a coisas sem importancia, matando o tempo que não volta mais.
Temos que humanizar mais as relações, sermos afetivos, queé uma caracteristica que nos difere dos animais…
Quando digo afetivos,falo em amigos, familia e a nós memso.

Guilherme Freitas disse...

Victor, belo artigo. Ao ler refleti sobre como nosso mundo é curioso: é globalizado pois podemos convesar com todos através da web, mas não podemos olhar no olho da pessoa com quem conversamos. Ao mesmo tempo que estamos ligados, estamos a quilômetros de distância. Realmente é algo para se refletir e praticar. O ser humano vive de contato, sozinho ele não é nada. Abraço e parabéns pelo texto.

Tiburciana disse...

Nossa Vitor vc escreve muito bem mesmo, e quanto ao teu texto .
Não consigo me ver como uma pessoa que ve a vida passar eu futuco por tudo.
Mas sempre me pego pensando sobre os milhares de acontecimento simultaneos no mundo
bjos