Muitas vezes queremos expressar algum sentimento, alguma opinião em relação a determinados assuntos. A possibilidade de escrever e montar um registro público destas manifestações me agrada. Farei aqui um espaço para falar, conversar, debater, me expressar.
Algumas considerações iniciais
Tentarei manter uma regularidade nas postagens, mas não combinarei prazos. Por ser uma das válvulas de escapes utilizadas por mim, deixarei que este blog seja alimentado de acordo com a inspiração, e não com o calendário.
Gosto dos comentários. Não são, para mim, apenas um sinal de popularidade, como a maioria dos blogs que vejo. Eles têm um significado maior, que é o de saber como as pessoas que aqui estão pensam sobre os assuntos que comento. Portanto, fique à vontade para escrever. Na medida do possível, responderei a cada um deles.
Não escolhemos onde vamos nascer.
Não temos a chance de saber em qual família vamos cair. Mas é engraçado como as
coisas se encaixam de uma forma “legoliana”. Você acha que seus pais são os
melhores que possam existir no mundo. O colega do lado acha a mesma coisa dos
pais dele. Com raras exceções isso não
ocorre. E também ocorrem casos em que a figura dos pais recai sobre uma pessoa,
ou o pai ou a mãe.
E lá, naquele interior mineiro, aparece
uma mulher guerreira. Aos 32 anos eis que surge em sua vida uma pequena figura.
Uma mistura de um bocado de vontade com outro bocado de falta de planejamento.
Mas quem disse que tudo nessa vida precisa necessariamente ser planejado? Pois
é, há coisas que não são planejadas e que acabam se tornando boas. Acredito que
tenha sido esse caso. Ao menos é que as pessoas falam e que o personagem da
história sentiu e sente.
A vida foi seguindo, aos trancos
e barrancos, mas foi. Não foram poucos os momentos de luta, de raiva, de
angústia, de limitações. Mas eles passaram, como ela sempre acreditou que
passariam. Ninguém, senão ela, acreditava que tudo aquilo poderia dar certo. E
deu. Não é do ponto de vista financeira apenas.
É também no ponto de vista da honestidade, do caráter, da vontade de
fazer as coisas do jeito certo. E da vontade de retribuir todo o sacrifício,
todas as horas de pedidos, todos os quilômetros de caminhadas, todo o amparo.
Isso talvez falte da parte de quem sempre recebeu, talvez sempre vá faltar. Mas
não falta a vontade de retribuir.
As projeções jogavam para baixo.
O comentário geral era de que não daria certo. A boca miúda dizia que criança
criada naquelas circunstancias não poderia ter um futuro promissor. Mas não foi
assim. Ela foi lá, comprou a briga do jeito que deu, usou as ferramentas que
eram acessíveis, colocou a própria cara a tapa, literalmente, e fez mudar as
perspectivas. Ela bancou, “filho meu tem que estudar”. Isso foi feito. A vaga
conseguida à base de sorteio em uma escola pública foi honrada, foram 14 anos
no mesmo colégio público, com uniforme garimpado na caixinha de doações, com
tênis “semidão”, com cadernos de folhas amarelas, com livros comprados no sebo.
Acabou que o moleque tomou gosto
por esse tal de estudo. E foi ficando bom nisso. No colégio já era normal ficar
tranquilo com notas; “passar de ano” nunca foi a preocupação porque isso
acontecia naturalmente. Sem muita ideia do que iria fazer da vida, o caboclo
foi crescendo. E aí ele se amparou nos estudos para tentar um caminho. E foi
buscando, passando num concurso público aqui, noutro ali. Não se sabe se
atingiu o ápice, mas é provável que se tenha alcançado um posto talvez nunca
pensado. Dane-se isso! Importante mesmo é ver se a coroa tá bem, o que se pode
fazer para tentar dar um conforto a ela. Fundamental é ver que o esforço dela
valeu a pena, que o cara que tinha boas chances de cair no mundão aí, de buscar
o fácil caminho do crime, foi orientado a tomar outro rumo e assim o fez.
Hoje ele é orgulho da mãe,
orgulho da irmã, mas muito mais que isso. Ele agradece sempre por ter sido
colocado nesse meio, por ter passado o que passou, por ter tido as experiências
que teve. Hoje a ideia é retribuir, ter
a sensação de que qualquer coisa que se faça ainda é pouco perto do que
recebeu. E assim será feito, dia a dia, tempo a tempo.