Dia desses estava navegando por
uma rede social, quando vi um usuário falando aquela palavra de duas letras,
que muita gente ainda coloca acento e que remete a um órgão do nosso corpo.
Enfim, não vou reproduzi-la, muita gente ainda se choca com as tais palavras de
baixo calão, os xingamentos. Muitas vezes perde-se o foco de boas discussões
por causa do uso dessas palavras, o que é, no mínimo, uma falta de bom senso,
visto que são apenas palavras, apenas a expressão de uma raiva que não se pode conter
e que nunca deveriam desviar a ideia central de um embate apenas por serem de
uso mais restrito, se é que podemos chamar assim.
Não acho que essas palavras devam
ser banidas dos debates, nem mesmo das conversas do dia a dia. Não deveria ser
chocante falar o que vem à mente. A hipocrisia às vezes cansa, ser sempre politicamente
correto enjoa. Que mal soltar um palavrão pode causar? Nenhum. Por que ele pode
ser dito em um momento íntimo e não pode ser falado em uma conversa de bar? Não
há motivos. Ou melhor, há e já disse qual: hipocrisia. Apenas isso. Essa
palavrinha que não sai do comportamento de muita gente, principalmente daquelas
pessoas que gostam sempre de criticar, mas que são incapazes de olhar para o
próprio umbigo para analisarem seus defeitos.
Há outras palavras que deveriam
incomodar muito mais, mas que passam despercebidas da maioria das pessoas.
Palavras que deveriam ser alvo de indignação, de questionamentos, de banimento
não do dicionário, mas do cotidiano. Quais palavras? Bom, a lista pode ficar
grande, mas algumas são: foro privilegiado, impunidade, renúncia, pizza (nas
CPI`s), corrupção, carga tributária, analfabetismo, fome, insegurança, desvio
de recursos, “me ajuda, me ajuda” (bordão de um vereador eleito em uma cidade
com mais de 600 mil habitantes), etc. Bom, já deu pra perceber que a lista é
infindável, certo? Sim, pode até ser. Mas e se a gente fosse derrubando palavra
por palavra, quantas coisas não ficariam melhores, não é?
Fato é, caro amigo, que acontece
que em muitos casos o foco é mudado, propositalmente ou não, para conveniência
de determinada pessoa. Uma bolinha de papel atirada na cabeça de alguém vira
notícia no cenário nacional em plena campanha presidencial, deixando de lado
questões relevantes sobre programas de governo. Uma palavra mal dita vira alvo
de interpretações diversas, com foco na mais negativa possível, visando sempre
prejudicar quem disse, ainda que não tenha dito com aquela intenção.
Enquanto o foco fica nas
palavras, sobretudo naquelas mais ásperas, mais “vulgares”, a água do cachoeira
corre solta, o mensalão fica esquecido, o pobre morre na fila do hospital e o
menino não aprende nada com a escola caindo aos pedaços. Palavras, palavras...
o palavrão tendo mais relevância do que uma palavrinha, conhecida como atitude!
É isso.