É comum a gente se pegar pensando nos rumos que nossas vidas tomaram, quais as causas de estarmos vivendo isso ou aquilo. E é comum, também, querermos acelerar processos pelos quais não temos o absoluto controle, querendo preencher lacunas com soluções paliativas, com fórmulas que já testamos e sentimos na pele que não deram certo.
Preencher o vazio com soluções vazias traz um conforto momentâneo, afasta questionamentos de quem está por perto, gera certa segurança por alguns instantes. Gera, ainda, a sensação de poder, eleva a autoestima a ponto de sairmos da incômoda posição de telhado de vidro para assumirmos a posição de pedra. Mas é preciso muito cuidado com essas atitudes, é preciso cautela, pois a escolha de agora parece boa, mas pode se revelar ser apenas mais do mesmo, mais uma escolha como as outras, erradas, que maquiada pelo calor da emoção, parece ser a mais acertada.
Passamos anos e anos vivendo exatamente da mesma forma, apesar de acharmos que estamos mudando. Prova disso é a nossa rotina que não muda, nosso círculo de amizade que se assemelha, nossos relacionamentos que sempre acontecem com pessoas parecidas. E ainda assim algumas pessoas sobem em um pedestal, com um orgulho que nunca leva a lugar nenhum, para apontar o erro dos outros, achando-se intocável, julgando situações sem possuir um mínimo de embasamento da realidade dos julgados.
Sempre é de bom tom analisar a situação em que estamos, o barco no qual nos metemos. Queremos sempre achar a culpa pelo nosso fracasso na conduta alheia, as relações não deram certo porque somente o outro errou. E não é bem assim. Quantas e quantas vezes não somos nós mesmos os responsáveis por atrair aquele tipo de gente ou, em direção oposta, afastar, ainda que involuntariamente, aquele que seria a companhia ideal? De quando em quando é bom se olhar no espelho, não para a casca, mas para o interior, buscar a sua verdade, buscar sua essência e tomar as rédeas deste pequeno trajeto que você fará, trajeto que as pessoas costumam chamar de vida.
É isso.