Algumas considerações iniciais

Tentarei manter uma regularidade nas postagens, mas não combinarei prazos. Por ser uma das válvulas de escapes utilizadas por mim, deixarei que este blog seja alimentado de acordo com a inspiração, e não com o calendário.

Gosto dos comentários. Não são, para mim, apenas um sinal de popularidade, como a maioria dos blogs que vejo. Eles têm um significado maior, que é o de saber como as pessoas que aqui estão pensam sobre os assuntos que comento. Portanto, fique à vontade para escrever. Na medida do possível, responderei a cada um deles.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

FUGA

Casos próximos de incidentes envolvendo mortes costumam chamar minha atenção, sobretudo quando estas acontecem com pessoas novas, em momentos e situações inesperadas. Dias desses recebi a noticia de uma pessoa, nova, 18 anos apenas, que se foi. Já seria espantoso se fosse uma morte natural ou até mesmo um acidente, mas o que causou mais surpresa foi o fato dela ter optado por isso, resolveu que seu tempo por aqui já havia chegado ao fim.

A grande pergunta que se faz num momento desses é quais são os motivos de uma atitude dessas. O que pode ter levado a tamanho extremismo? Não entrarei nos méritos deste caso, até porque não tenho conhecimento da realidade desta pessoa, não saberia dizer quais foram as causas daquilo. O que mais chama atenção em casos assim é a falta de sinais, ou melhor, a falta da percepção dos sinais que as pessoas emitem quando não estão bem, quando precisam de atenção.

A resposta aos problemas é individual e o que pode parecer simples para uma pessoa, pode ser uma tempestade para outra. Além disso, a crítica é fácil quando se está de fora, quando não estamos no centro do furacão. E aí vem outra pergunta: o que você tem feito, de verdade, para identificar os conflitos internos e ajudar as pessoas que estão à sua volta? É bem provável que a resposta seja muito pouco ou até mesmo nada. Por pior que possa parecer, esse tipo de comportamento é natural, porque o ser humano carrega consigo uma boa dosagem de egoísmo. E essa dosagem aparece, em seu ápice, em episódios que envolvem suicídios.

Encerrando a vida, a pessoa tem uma falsa sensação de que as coisas caminharão melhor daqui para frente. Os problemas internos, as angústias, estes sim cessarão na última respiração, mas e os outros problemas? E os novos conflitos que surgirão? E o trauma nas pessoas queridas? Pensa-se nisso naquele momento decisivo, na hora de definir se é realmente aquilo que se deseja fazer? Acredito que a resposta seja negativa. O egocentrismo mostra aí sua faceta mais escancarada, você resolve seus conflitos e deixa a bomba nas mãos dos outros.

Tenho consciência que, ao chegar neste limite, a pessoa já não está bem, alguma coisa muito importante a corrói a cada dia mais, a convivência com si mesmo torna-se insustentável. Ainda que tudo isso esteja ocorrendo, o caminho da resolução, com total certeza, não é esse optado, ou melhor, não deve ser esse. Não se resolve os problemas com a fuga, quer seja na mudança física, no abandono, quer seja com o suicídio. Deixar as coisas para trás, com o intuito de achar que sua simples ausência vai resolver ou minimizar os conflitos, é mostra de fraqueza.

Fugir, largar, deixar, abandonar, são verbos típicos daqueles que não batem de frente com seus problemas, que esperam sempre que outras pessoas venham para resolver situações quase sempre criadas por elas mesmas. Afinal de contas, é muito mais simples largar a bomba nas mãos dos outros do que assumir que errou, que ainda que a culpa tenha sido sua, quase sempre é possível reverter, diminuir os impactos, dar um ponto final e partir para uma reabilitação.

Pense nisso, caro amigo. Seu problema, comparado com o que ocorre com um tanto de pessoas por ai, é praticamente nada. Vai fugir só por isso? Vai abandonar tudo o que criou, largar quem gosta de você, para, lá longe, achar que as coisas vão entrar no eixo? Não combina contigo essa atitude, erga seus ombros, empine o nariz e olhe de frente, que você verá que é muito maior do que qualquer situação que te incomode.

É isso.


OBS: Segue aí uma música do Jorge e Matheus, chamada "Aí já era". Achei bonita, boa letra, boa melodia.