Não, caros amigos, não irei escrever aqui sobre prostituição ou algo do gênero. Também não vou falar de loucuras que alguns fazem em vender partes do próprio corpo. A conversa aqui vai girar em torno de como maltratamos nossos corpinhos, como não damos valor a uma máquina tão complexa. Atitudes diárias que dão prazer, mas que serão cobradas em determinado momento.
Cada ação gera uma reação, já diria Newton. Com o corpo isso também ocorre. Uma alimentação desequilibrada aqui, umas gordurinhas ali, um excesso de álcool, uma cirrose, alguns cigarros, problemas no pulmão, e por aí vai. Pequenos prazeres que vão, pouco a pouco, deteriorando o organismo. Mas e aí, até que ponto é possível e viável pagar este preço em prol de um prazer, em virtude de uma causa? É aí que Amy entra na história.
Amy, pelo o que ficamos sabendo ao longo dos anos através da mídia, viveu uma fase de sua vida entrelaçada às drogas e ao álcool. Buscou neles refúgio, conforto, amparo, esquecimento. Conseguiu ter realmente o que buscava? É impossível saber, somente ela poderia responder. O que a gente tem certeza é que eles foram fatores importantes em sua vida, foram decisivos em diversos momentos de sua curta carreira. Amy, assim como muitos outros artistas inovadores e de expressão, trocou a sanidade por uma loucura temporária inspiradora. Ganhamos em arte, mas o corpo de Amy, aquele corpo franzino mostrado exaustivamente por aí, cobrou seu preço, neste caso o preço maior, o preço da vida.
É justa esta troca? Quem estaria disposto a encarar o desafio? Quase ninguém, é a resposta. Amy, assim como contemporâneos seus que morreram de forma semelhante, faz parte de um seleto grupo de pessoas que pisaram neste planeta para inovar, expressar uma arte, renovar conceitos. Talvez a genialidade destas pessoas não fosse exposta caso elas optassem por viver como a maior parte das pessoas. O desvio da normalidade, seja ele obtido através do método que cada um encontrou, foi fundamental para que a inspiração e o talento encontrassem perfeita sintonia, sincronizassem com precisão.
O corpo cobra cada centavo pelo o que é exigido. Algumas pessoas têm pleno conhecimento disso e ainda assim arriscam. São atletas que se dopam, cirurgias complicadas para alterar padrões estéticos, substâncias que alteram o poder decisório. Tudo isso em prol de uma busca por um resultado que satisfaça, em primeiro lugar, o ego da própria pessoa, mas que, em alguns casos, respigam em nós em forma de arte, cultura, beleza. Obrigado, Amy, pelo sacrifício.
É isso.