Essa época me faz pensar em qual meu papel por aqui, nessa bolinha coberta de água. Não quero entrar num campo filosófico, de discussão de valores sociais, de essência do ser. Apenas penso que se estou aqui é porque há alguma razão de ser e, se existe tal razão, eu tento caminhar da melhor maneira possível. Sabe a história de se fazer a diferença no mundo? Pois é, eu penso nisso sim. Não tenho pretensões em ser Gandhi ou Mandela, não estou aqui para desarmar a bomba atômica, mas tenho convicção que posso fazer a diferença sim na vida de muitas pessoas. E como posso fazer isso? Simples! Com meu trabalho, qualquer que seja ele, realizado de forma honesta, com energia e foco na resolução de problemas alheios, sem desejar recompensas ou reconhecimentos globais.
É possível descobrir logo nosso papel? Acredito que não. Muitas pessoas passam anos, envelhecem e morrem sem saber de fato a que vieram aqui. Trabalham, batalham, mas não sentem em seu íntimo que estão fazendo a tal diferença. Isso gera um sentimento de frustração que muitas vezes não é compartilhado e morre com a pessoa. Você quer isso para sua vida? Quer passar anos e anos trabalhando em uma coisa que não lhe faz feliz? Lutar tanto e ver que você poderia ter feito outra coisa mais útil, não só para a sociedade, mas para sua vida? Claro que não. Ninguém quer isso, mas são poucos os que se atentam, são raros os que têm coragem para parar o ônibus e pedir para descer, para embarcar em outra direção, em uma vida que definitivamente tenha sentido.
Descobrir o que te faz feliz nem sempre é tarefa simples. Demanda tempo, reflexão, conversas, estudos. Mas esteja certo, caro amigo, essa dedicação vai valer a pena. Trabalhar naquilo que te faz bem é muito bom. O tempo passa mais rápido, o salário tem um valor maior, você é recompensado a todo o momento pelas mínimas coisas que acontecem. O árduo, do famoso “trabalho árduo”, desaparecerá.
O grande problema de se buscar aquilo que te satisfaça é que, como as outras coisas na vida, há um preço a ser pago. Há casos em que a própria pessoa banca a mudança, mas na maioria das vezes é preciso abrir mão de muitas coisas, de conforto, dinheiros dos pais, segurança. Não são todas as pessoas que estão dispostas a viver uma vida, ou parte dela, de sacrifícios em busca de um sonho. Não são todas as pessoas que enxergam além do dinheiro, que trabalham para que a visão não fique restrita ao campo monetário. Talvez aí esteja grande parte das frustrações dos tempos atuais, já que, por uma pseudo segurança, abre-se mão de um futuro promissor, em uma carreira onde a capacidade da pessoa pode ser explorada ao máximo.
Não é difícil. Revire seu baú de memórias, veja como agia quando criança, adolescente. Tente lembrar das coisas que gostava de brincar, do seu comportamento na escola, na rua. Parece uma tarefa boba, mas é possível ver que muita coisa dessa época vai refletir na sua escolha por uma profissão, ainda que você não faça uma ligação imediata desses dois momentos. E outra: não fique muito tempo em um lugar que te faça infeliz. Troque, corra atrás de outras coisas, veja seus talentos, seus dons e busque fazer atividades que possam parecer brincadeiras, que aí sim seu trabalho renderá muito mais e dará a você, diariamente, a sensação de dever cumprido.