Algumas considerações iniciais

Tentarei manter uma regularidade nas postagens, mas não combinarei prazos. Por ser uma das válvulas de escapes utilizadas por mim, deixarei que este blog seja alimentado de acordo com a inspiração, e não com o calendário.

Gosto dos comentários. Não são, para mim, apenas um sinal de popularidade, como a maioria dos blogs que vejo. Eles têm um significado maior, que é o de saber como as pessoas que aqui estão pensam sobre os assuntos que comento. Portanto, fique à vontade para escrever. Na medida do possível, responderei a cada um deles.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

ESCRAVO E SENHOR DAS PALAVRAS





"O homem é dono do que cala e escravo do que fala. Quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo." Deparei-me com essa espetacular citação de Freud, postada por um colega em uma rede social e me surpreendi com tanto conteúdo em tão poucas palavras. Como é nobre esse poder de sintetizar toda uma situação em duas linhas! Como é genial provocar uma reflexão em nosso comportamento falando tão pouco!

Bem, voltando ao assunto da citação, muitas vezes nos vemos em meio a um mundo de fofocas, de jogos de intrigas, de invejas. E lá está aquele tipo de pessoa má, que não perde uma oportunidade para cutucar, para denegrir, para fazer um pré-julgamento, para incitar todos contra um alvo que não tem a mínima chance de defesa. E muitos de nós embarcamos nesse jogo, nos tornamos “inimigos” de alguém que sequer conhecemos. De uma hora para outra passamos a não gostar de uma pessoa, como se ela tivesse feito coisas terríveis. 

Há um caminho para evitar que isso aconteça? Sim, há. Não só um caminho, mas algumas alternativas. A mais simples, e talvez a que ofereça uma solução paliativa apenas, é tirar de seu convívio a pessoa que age dessa forma. Resolve por um lado, já que evita o contato com gente assim, mas não é uma solução, digamos, altruísta. O outro caminho possível é manter essa é pessoa por perto, ignorando esse tipo de conversa e desmotivando atitudes assim. Mostrar que esse tipo de comportamento em nada engrandece, em nada acrescenta, pelo contrário, só gera inimizades, só traz consequências danosas.

Falar dos outros, procurar sempre a culpa do lado de lá, deixar de olhar para si, nada mais é do que uma espécie de defesa, defesa de pessoas fracas, de pessoas infelizes, pessoas com questões mal resolvidas. É justo deixar essas pessoas se afundarem ainda mais? Há quem não ligue, há quem ache que o melhor caminho é se afastar. Não concordo. Acredito ser possível mudar comportamentos com exemplos, com ações, com palavras. Não custa tentar. É bom acreditar na mudança de alguém, acreditar que podemos tirar uma pessoa de uma situação ruim, mostrar a ela que há um caminho diferente do rancor, do ódio indiscriminado.

Quer seja Pedro, quer seja Paulo. Fazer o bem sem olhar a quem, como já dizem as vovós por aí. Releve algumas coisas, vale até mesmo engolir um sapo aqui, outro ali, evitando conflitos que não levam a lugar algum. Durma tranquilo sabendo que não alimenta ódio por ninguém, que tentou fazer seu melhor sem interesses em obter vantagens. A vantagem maior é ter sua consciência limpa sempre.

É isso. 




domingo, 25 de novembro de 2012

AS LOUCURAS DE CADA UM: PARADOXOS




Caminhamos para um mundo cruel, egoísta e sem valores. Vivemos um paradoxo de se lutar pela liberdade e essa mesma liberdade ser cada vez mais cerceada. Brigam-se pelos direitos humanos, pelo direito de ir e vir, mas vivemos enclausurados em casas com grades cada vez maiores.  Trabalhamos para ganhar mais e mais dinheiro e investimos esse mesmo dinheiro em equipamentos de segurança, em muros altos, cercas elétricas.  Queremos ser livres, mas vivemos presos.

Pregamos liberdade de expressão, mas nos vemos em meio a processos e punições por simples comentários de indignação. Criou-se a falta expectativa de que se pode falar de tudo, mas nos monitoram, pedem quebra de sigilo para comentários feitos pela internet. As empresas ficam de olhos em que seus funcionários falam, as instituições preferem punir por um comentário ao invés de punir uma atitude verdadeiramente criminosa de um membro.
 
Evoluímos na tecnologia, podendo fazer de casa coisas que antes demandavam nosso deslocamento. Encarávamos as imensas filas dos bancos e lotéricas para pagamento de contas. Hoje em dia fazendo tudo de casa, sentados, pela internet. Ganhamos muito tempo com isso, mas ainda assim nosso tempo é cada vez mais curto, reclamamos da falta dele para curtir nossa família, nossos amigos. Vamos às academias (com pressa!) para melhorar a saúde, mas optamos por comer em um fast food para não perder o bendito tempo.

Lemos cada vez mais sobre educação infantil, teses de psicólogos, pedagogos, mas transferimos a responsabilidade da criação para as escolas. Matriculamos nossas crianças em tudo quanto é curso, querendo dar uma educação sólida, formação de qualidade, mas nos esquecemos de formar o cidadão dentro de casa, pois isso não se aprende na rua. Ensinamos a falar várias línguas, mas negligenciamos o aprendizados de poucas palavras em português, como um por favor, obrigado, desculpa.

Compramos sacolas ecologicamente corretas, mas as entupimos de embalagens de iogurte, de sacos plásticos com alimentos e jogamos tudo isso no lixo com outra sacola biodegradável. Fazemos protestos (a maioria pela internet, diga-se de passagem) para parar a obra da usina hidroelétrica, queremos salvar a floresta amazônica, mas passamos direto por um cãozinho faminto na rua, vemos uma pessoa maltratar um cavalo e ficamos omissos.

Paradoxos que vão passando sem a gente perceber. E assim seguiremos, buscando algo para culpar, buscando nos eximir o máximo possível do confronto, da contestação. E assim o mundo segue, cada vez maior para todos e cada vez menor para cada um.

É isso. 

sábado, 10 de novembro de 2012

ESCORAS




O tempo passa, as coisas precisam mudar, mas o comportamento é sempre o mesmo. Escorar em algo, escorar em alguém. Por que fazer se há alguém do outro lado se matando para ajudar? Por que se esforçar se o suor alheio já é suficiente para manter a situação? É muito mais cômodo achar que tudo está bem, que não precisa mudar nada, fingir um status e seguir o caminho sem enfrentar os verdadeiros problemas.

Diferente do que se prega por aí, a maturidade não vem automaticamente com o passar dos anos, com a idade. Nem todo idoso é sábio, nem todo idoso sabe realmente como é a vida. Em muitos casos a pessoa não passa por experiências, não busca seu caminho, mas sim vive amparada por outras pessoas. E o acúmulo do tempo não traz nada que engradeça, a pessoa vai vivendo uma vida medíocre, se conformando com acúmulo de coisas ao invés do acúmulo de sentimentos e sensações. 

E por mais que se tente mostrar outro ponto de vista, percebe-se que algumas pessoas até fingem internalizar a mensagem, mas no fim acabam fazendo as mesmas coisas, buscando as mesmas soluções paliativas, trazendo a futilidade como carro chefe da condução da vida. E essas pessoas são felizes assim? Por incrível que pareça, acredito que sim. Felicidade que caminha junto à ignorância, tanto por não conhecer muito além daquela pequena bolha em que vive, quanto por desconhecer o quanto as outras pessoas sofrem para manter aquele mínimo de conforto para ela.

A ponta altruísta não deve ter, necessariamente, do outro lado, a ponta escoradora. Lá no Direito, fala-se que a pena não passará da pessoa do condenado, utiliza-se o princípio da individualização da pena. Oras, se no Direito é assim, por que na vida também não deve ser? Por que uma pessoa que não se esforça, que não quer mudar sua vida por mérito próprio, precisa ser carregada por outra a todo tempo? Por que uma pessoa tem que anular sua vida para ajudar outra, apesar de ter passado por situações ruins para poder alcançar seus objetivos? Por que é tão difícil criar essa consciência de que se você não fizer, alguém vai ter que fazer por você?

Pense bem antes de se escorar em alguém. Pense no quanto pode estar tirando daquela pessoa que tanto fez e tanto faz por você. Pense no valor de um dia, de um sábado, no valor que você tirou por uma atitude mesquinha, egoísta, egocêntrica. Um dia perdido não se recupera. Da mesma forma que não se recupera a vontade de querer fazer mais. Esse sentimento vai se calejando, até o ponto de ser deixado de lado, momento em que se busca o caminho natural das coisas, ou seja, cada um correndo atrás de suas próprias coisas apenas.

É isso.